Muito se fala sobre a importância de dispositivos de internet das coisas (IoT) e conectividade para ajudar no desenvolvimento de cidades. Mas parece que os municípios brasileiros – sobretudo os menores – ainda não entenderam a mensagem. Em 2017, apenas 18% das prefeituras que compõem o público-alvo afirmaram ter algum plano ou projeto de cidades inteligentes. Essa proporção chega a 77% nas capitais e a 70% nos municípios com mais de 500 mil habitantes, o que mostra que as cidades de maior porte já estão em nível muito mais avançado.
Os números são da terceira edição da pesquisa TIC Governo Eletrônico, conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que investigou pela primeira vez a presença de projetos ou planos municipais de cidades inteligentes entre as prefeituras brasileiras, bem como o uso de tecnologias na gestão urbana.
Gestão urbana
A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (2/5), também abordou o uso de tecnologias na gestão urbana: ônibus municipais com dispositivo de GPS que envia informações de localização e velocidade dos veículos (14%); sistema de iluminação inteligente que permite a medição de consumo de energia ou alteração à distância da iluminação de áreas do município (7%); semáforos inteligentes controlados remotamente (4%). Todas as iniciativas de uso das TIC na gestão urbana pesquisadas foram mais mencionadas entre as capitais, sendo as mais comuns: bilhete eletrônico para transporte público (81%), semáforos inteligentes (69%), ônibus com GPS (58%) e sensores de monitoramento de áreas de risco (50%).
Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, destaca que o conceito de smart cities está cada vez mais presente nas políticas urbanas e em agendas de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Internacional das Telecomunicações (UIT), provocando a reflexão sobre como as cidades inteligentes podem se tornar caminhos possíveis para o enfrentamento de desafios urbanos. “É fundamental, portanto, medir o uso da tecnologia na gestão urbana e como ela pode, de fato, melhorar a vida das pessoas que habitam as cidades”, afirma.
Redes sociais on-line
Aproximadamente três em cada quatro órgãos públicos federais e estaduais (77%) e prefeituras (75%) do Brasil afirmaram possuir perfis próprios em redes sociais on-line. Pela primeira vez foi levantada a existência de perfil ou conta em aplicativos como WhatsApp ou Telegram, mencionada por 25% dos órgãos públicos federais e estaduais e 17% das prefeituras.
Apenas 26% dos órgãos públicos federais e estaduais declararam possuir manual ou guia para publicação de conteúdo em redes sociais – essa proporção é de 15% nas prefeituras. A maior parte declarou possuir uma pessoa ou área responsável pelo relacionamento com os cidadãos nas redes sociais on-line: 84% dos órgãos públicos federais e estaduais e 76% das prefeituras. Por outro lado, nos órgãos federais, aumentou de 8% para 20%, entre 2015 e 2017, a existência de alguma terceirização no serviço de relacionamento com o cidadão nessas redes. Entre as prefeituras, 15% declararam terceirizar esse tipo de relacionamento.
Serviços públicos pela Internet
Apesar de quase a totalidade dos órgãos públicos estaduais e federais possuírem websites (90%), apenas 25% dos órgãos estaduais ofereceram o serviço público mais procurado pelos cidadãos inteiramente pela internet, ao passo que essa proporção chega a 44% entre os órgãos federais. Os motivos mais citados pelos órgãos estaduais para não prestar o serviço público mais procurado integralmente pela rede são não ser possível realizar o serviço inteiramente pela Internet (59%) e restrições legais (39%).
A pesquisa
Realizada entre julho e outubro de 2017, a TIC Governo Eletrônico investiga o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em dois perfis de organizações: órgãos públicos federais e estaduais de todos os poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público) e também nas prefeituras (Executivo Municipal). Em 2017, foram entrevistados, por telefone, 624 órgãos públicos federais e estaduais pertencentes aos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público e 1.062 prefeituras brasileiras.
Fonte: COMPUTERWORLD