Divulgada na quarta-feira (8), a pesquisa 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil revela dados alarmantes sobre a realidade social do País, no que se refere à segurança alimentar da população. Entre os dados mais relevantes, está a informação de que, em 2022, a fome já atinge 33,1 milhões de cidadãos brasileiros.
A edição atual do estudo foi desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN) com base em entrevistas realizadas entre novembro de 2021 e abril de 2022, em 12.745 domicílios. Foram visitadas áreas urbanas e rurais de 577 municípios de todos os 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.
Utilizando as métricas da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), a mesma usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a nova edição do “Inquérito” revela que mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com algum grau de insegurança alimentar, seja leve, moderado ou grave (fome). O país, como um todo, regrediu aos patamares da década de 1990.
Segurança alimentar despenca
Neste ano, apenas quatro em cada dez lares brasileiros conseguem ter acesso pleno à alimentação. Isso significa que os moradores de 60% dos domicílios no Brasil se dividem entre os que se preocupam em algum grau com a possibilidade de não ter alimentos no futuro, e aqueles que já estão passando fome. Em números absolutos, são 124,2 milhões de pessoas.
Fome é maior no Norte e Nordeste
A fome faz parte, atualmente, do cotidiano de 25,7% das famílias na região Norte do Brasil e de 21% no Nordeste. Além disso, os percentuais de insegurança alimentar – 71,6% no Norte e 68% no Nordeste – são superiores à média nacional de 58,7%.
Quem produz alimento está passando fome
Quando se compara campo e cidade, percebe-se que a insegurança alimentar esteve em mais de 60% dos lares, sendo que 18,6% dessas famílias passam por situação de fome. Nesse cenário, a fome está presente até mesmo entre os produtores de alimento, atingindo 21,8% dos domicílios de agricultores familiares e pequenos produtores.
Fome tem cor e gênero
O segundo inquérito comprova duas situações de desigualdade. No que se refere à cor da pele, restrições alimentares estão presentes em 65% dos lares comandados por pessoas autodeclaradas pretas ou pardas. Quando se analisa o gênero dos responsáveis pela manutenção das habitações, naquelas chefiadas por mulheres a fome está presente em 19,3% dos casos contra 11,9% nas comandados por homens.
A continuidade do desmonte das políticas públicas de combate à fome, o agravamento da crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da covid-19 são os responsáveis pelo retrocesso da segurança alimentar no Brasil, conclui a pesquisa.
Fonte: TECMUNDO